13 fevereiro 2009
O barco e a viagem
Viajar de barco, mesmo 10 minutos, é algo que me pacifica. Parece que tudo muda, e principalmente a noção do tempo. O barco anda devagar e não se controla tão bem a "estrada", o sabor das ondas tem o seu papel e fico mais perto da natureza. Depois há o horizonte a distância, o espaço. Vai sempre pouca gente neste barco, há sempre muito espaço.
Nada que se consiga sentir na viagem de comboio até ao barco, comboios com muita gente onde se viaja tantas vezes de pé ou encostada às paredes por força das circunstâncias, nem depois (e diga-se, muito menos!) na camionete de Porto-Brandão para cima até à Faculdade, onde chocalhamos ao sabor do asfalto meio gasto e ondulado pelo peso bruto dos camiões que se abastecem nos depósitos da GALP. Quando se chega a Porto-Brandão de barco só se pode ir para cima numa estrada íngreme e estreita, onde antigmente os camiões de gasolina derrapavam quando chovia. A camionete lá seguia devarinho atrás, na eminência do camião recuar até nos bater, o que, embora altamente provável, nunca aconteceu. Agora existe com certeza outro acesso aos enormes depósitos e combustível, pois os camiões deixaram de andar naquela estrada. E ainda bem.
O trânsito destes camiões era extremamente violento, desciam vazios e velozes por entre poeira levantada e guinchadelas dos travões como que a abrir caminho, a anunciar que chegavam. Tudo era apertado para eles, a estrada, os carros estacionados no já pequeno largo. Sempre me admirei por nunca ter presenciado nenhum acidente, um carro colhido ou um atropelamento. Acho que tudo ficava suspenso àquela passagem.
No retomar recente do percurso um acidente entre dois carros bloqueou a passagem da camionete e todos tivemos de ir a pé, e registei o abalroamento da velha paragem abrigo (uma paragem peculiar ao estilo artesanal com tecto de lusalite, do lado direito da subida).
Ainda hoje tudo parece antigo em Porto-Brandão, a 10 minutos de Belém cosmopolita.
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